Pressão de oferta de trigo deve começar a aumentar

    Porto Alegre, 23 de setembro de 2019 – O mercado brasileiro de trigo ingressa nesta última semana de setembro com os agentes avaliando uma entrada mais expressiva de oferta no estado do Paraná, bem como a iminente chegada da safra do Rio Grande do Sul, gerando uma maior pressão de oferta e assim, levando a recuo das cotações domésticas.

   No mês, as cotações de referência para o trigo de safra nova recuaram mais de 6% nas principais praças de comercialização do país. No estado do Paraná, na comparação com o mesmo período do ano passado, a retração é semelhante, enquanto no Rio Grande do Sul, as cotações estão mais de 10% inferiores atualmente.

   “Por outro lado, a desvalorização cambial no Brasil minimiza o viés baixista, já que eleva os custos de importação do trigo proveniente do mercado internacional, e consequentemente, a competitividade do cereal nacional,abrindo espaços para recuperações”, disse o analista de SAFRAS & Mercado, Jonathan Pinheiro.

   Nesta segunda-feira o câmbio chegou a superar os R$ 4,18 favorecendo significativamente o produto nacional ante o importado, apesar da também desvalorização cambial na Argentina, principal fornecedora de trigo ao Brasil. “Com isso, além do espaço para recuperação de preços no âmbito doméstico, a procura da indústria nacional por este cereal nacional deverá ser mais acirrada, potencializando o viés de alta mesmo neste período de ingresso de safra. Vale destacar, entretanto, que a volatilidade cambial poderá ainda mudar esta conjuntura, caso volte a recuar, mesmo que por um curto espaço de tempo, favorecendo negociações futuras, reduzindo o impacto cambial nas importações”, apontou Pinheiro.

     Chicago

    A Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT) para o trigo encerrou com preços levemente mais baixos. Compras associadas a fatores técnicos, a forças dos vizinhos soja e milho e o atraso na colheita de trigo por clima úmido e problemas de qualidade nos Estados Unidos e no Canadá não foram suficientes para sustentar as cotações. As informações partem de agências internacionais.

   As inspeções de exportação norte-americana de trigo chegaram a 476.173 toneladas na semana encerrada no dia 19 de setembro, conforme relatório semanal divulgado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Na semana anterior, as inspeções de exportação de trigo haviam atingido 517.550 toneladas. Em igual período do ano passado, o total inspecionado fora de 429.193 toneladas. No acumulado do ano-safra, iniciado em 1o de junho, as inspeções somam 8.005.684 toneladas, contra 6.545.647 toneladas no acumulado do ano-safra anterior.

   Os contratos com entrega em dezembro eram cotados a US$ 4,83 por bushel, baixa de 1,25 centavos de dólar, ou 0,25%, em relação ao fechamento anterior. Os contratos com entrega em março de 2020 eram negociados a US$ 4,90, recuo de 1,00 centavo de dólar, ou 0,20%.

    Câmbio

    O dólar comercial encerrou a sessão de hoje com alta de 0,45%, sendo negociado a R$ 4,1720 para venda e a R$ 4,1700 para compra. Durante o dia, a moeda norte-americana oscilou entre a mínima de R$ 4,1460 e a máxima de R$ 4,1860.

    Agenda de terça-feira

– O BC divulga às 8h a ata da reunião mais recente do Comitê de Política Monetária (Copom). 

– O IBGE divulga às 9h os dados sobre o Indice Nacional de Preços ao Consumidor – 15 (IPCA 15) referentes a setembro.

– Dados semanais sobre a safra de grãos e café do Paraná (Deral), na parte da manhã.