SOJA: Mercado acompanha coronavírus e safra da América do Sul

    Porto Alegre, 14 de fevereiro de 2020 – Acompanhe abaixo os fatos que deverão merecer a atenção do mercado de soja na próxima semana. As dicas são do analista de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach:

– Sem muita novidade no relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), as atenções se voltam, novamente, à propagação do coronavírus, às compras da China e ao avanço da safra na América do Sul.

– O mercado encontra espaço para correções, devido aos exageros de baixa, e à aposta em compras chinesas para dar sequência aos ganhos. O fundamental fraco (estoques e chegada de safra da América do Sul) deve continuar inibindo um avanço mais expressivo na curva de preço em Chicago

– O coronavírus continua se propagando rapidamente, o que explica a cautela dos investidores, e segue limitando o potencial corretivo dos mercados. Os operadores monitoram sinais de mudança no quadro, que poderia indicar a estabilidade na epidemia. E a partir daí traçar cenários mais efeitos sobre o impacto econômico. O fato, é que em meio ao aumento rápido de casos, o mercado deve continuar pessimista e especulativo

– Mesmo o dólar passando por leve ajuste, ainda assim sustenta boa parte do recente rally. A cena externa continua carrancuda, contaminada pelo coronavírus. Já no mercado local, além da influência externa, também reflete o desempenho abaixo do esperado da economia no final do ano passado e o forte fluxo de saída de capital. Isso acaba inflando o dólar, o que leva a moeda norte-americana a testar máximas históricas. E lógico abre oportunidades para fixação cambial;

– No lado da demanda, o foco são as compras chinesas. O fato de a China ter comprado soja dos EUA na última semana, mesmo que timidamente, já gerou especulações, que alimentam a esperança de retomada de compras do país asiático no mercado norte-americano. Enfim, o início das compras para cumprir a 1a etapa do acordo comercial entre EUA e China, assinado no começo do ano.

Expectativa é que o fluxo ganha mais ritmo a partir da segunda quinze de fevereiro e ao longo de março. E isso não só daria sustentação da posição Mai/20 como abrira espaço para um avanço positivo acima de US$ 9,00 bu na CBOT. Já os estoques altos nos EUA e no mundo devem servir como limitador das investidas de alta, inibindo ganhos mais expressivos

– Compras chinesas nos EUA, nessa época do ano, tendem a tirar demanda da América do Sul, especialmente do Brasil, o que deve jogar o prêmio para baixo (compensando ganhos na CBOT) e até pesar contra os preços no mercado físico interno;

– No lado da oferta, a colheita brasileira ganha ritmo, apesar de alguns atrasos diante do excesso de chuva. A chegada da safra recorde de soja no Brasil deve pesar sazonalmente sobre Chicago, também ajudando a inibir um avanço mais expressivo nas curvas de preços;

– A posição Maio/20 mostra força técnica de curto prazo, em típico movimento de acomodação. O desafio de alta é buscar as linhas de 9,10 e 9,20 bu. Na parte de baixo, atenção especial ao importante suporte em 9,00 bu e ao fundo gráfico em 8,83 bu.

– O ajuste positivo em Chicago e o dólar ainda alto ofereceu sustentação aos preços no mercado físico, melhorando a situação para o vendedor. Mas é bom o produtor está ciente, que a soja só está nesse preço por conta do câmbio inflado. Um dólar convergindo para a linha de R$ 4,00, como estava no começo do ano, tem um impacto significativo sobre o preço da soja.

– Para aquele que colhe antes é uma oportunidade para fechar posição. A tendência é que o com o andamento da safra os preços voltem a cair, particularmente se confirmarem as compras chinesas nos EUA e o dólar perder um pouco de força

     Gabriel Nascimento@safras.com.br) / Agência SAFRAS