MILHO: Rabobank aponta viés altista para preços em 2018

Porto Alegre, 3 de janeiro de 2017 – Veja abaixo o relatório de janeiro do Rabobank sobre o mercado de milho:

“Viés altista de preços em 2018

O clima favorável ao longo do desenvolvimento das lavouras contribuiu para que o Brasil alcançasse produção recorde de 98 milhões de toneladas de milho no ciclo 2016/17. Se no campo os resultados foram extremamente positivos, o mesmo não se pode dizer com relação aos preços. A grande oferta do cereal levou a um movimento de forte pressão sobre as cotações do milho que, na média da safra, apresentaram um recuo de 30% no comparativo com o ciclo
anterior.

Os baixos preços do cereal no Brasil em 2017 elevaram a competitividade do milho brasileiro no mercado internacional. Assim, o país deve bater novo recorde de exportações no ciclo 2016/17 com 35 milhões de toneladas
embarcadas. No campo da demanda interna, apesar das incertezas advindas do setor de proteína animal durante o ano de 2017, o consumo doméstico também apresentou aumento e, segundo dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), deve superar 56 milhões de toneladas na safra 2016/17.

Mesmo com a demanda interna aquecida e o forte ritmo de exportações, a perspectiva, dada a produção recorde, é que os estoques de passagem da safra 2016/17 cresçam 105% no comparativo com o ciclo 2015/16 (quando houve forte
quebra de produtividade, principalmente na safrinha), fechando em 14 milhões de toneladas -equivalente a 3 meses de consumo doméstico.

Os reflexos dos preços pressionados do milho já foram refletidos na safra de verão 2017/18. O Rabobank estima que a área do cereal nessa 1 safra seja de 4,9 milhões de hectares, com produção estimada em 25 milhões de
toneladas, 10% e 18% inferiores aos valores observados no ciclo 2016/17, respectivamente.

Para a safrinha, a estimativa do Rabobank é de manutenção de área, próxima de 12 milhões de hectares, com perspectiva de que a produtividade retorne à linha de tendência após a contribuição favorável do clima em
2017. Assim, a projeção é de que a 2 safra de milho tenha rendimento de 5,2 toneladas/hectare, o que levaria a uma produção estimada em 63 milhões de toneladas.

Dessa forma, a perspectiva do Rabobank é que a oferta total de milho na safra 2017/18 fique próxima de 88 milhões de toneladas, 10% inferior à produção do ciclo 2016/17. O consumo doméstico do cereal, por outro lado,
deve se manter em alta em 2018 e a perspectiva é que supere 58 milhões de toneladas, puxado pelo crescimento de produção esperado do setor de proteína animal, assim como a demanda esperada pela nova unidade de produção de etanol
de milho em Mato Grosso. Nesse mesmo cenário base, as exportações do ciclo 2017/18 ficariam entre 30 e 32 milhões de toneladas, podendo oscilar dependendo do comportamento da taxa de câmbio.

Assim, considerando as premissas acima citadas, a estimativa é que os preços do milho apresentem na safra 2017/18 um nível médio relativamente superior ao observado durante o ciclo 2016/17. A perspectiva é que os preços
do indicador do milho Esalq/BM&F tenham média entre R$ 31,00 e R$ 32,90/saca (60 kg) na safra 2017/18, ante um valor de R$ 30,00/saca em 2016/17.

É válido ressaltar que esse viés altista para os preços do milho no ciclo 2017/18 tende a ser potencializado em caso de perdas acentuadas na safrinha. Ao passo que no primeiro trimestre de 2018, os ainda elevados níveis
dos estoques internos tendem a limitar altas mais intensas nas cotações, a partir do segundo trimestre de 2018, quando começar a se desenhar o resultado da 2 safra, os cenários traçados de preços podem mudar, seja por uma
definição de forte redução de área ou eventuais intempéries climáticas que venham à impactar diretamente a produtividade.

Pontos de Atenção

– Fica claro que a definição da safrinha irá direcionar os preços do milho na safra 2017/18. Vale ressaltar que o ritmo mais lento de semeadura da soja e a possibilidade crescente de ocorrência do fenômeno LaNiña podem impactar a
decisão de plantio dos agricultores.

– Redução na produção dos EUA em 2017 e definição da política de redução dos volumes armazenados de milho na China devem pressionar os estoques mundiais do cereal e dar sustentação aos preços no mercado internacional.”

Edição: Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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