SEMANA TRIGO: Mercado brasileiro segue lento e agentes monitoram Rússia e Argentina

   Porto Alegre, 22 de março de 2024 – O mercado brasileiro de trigo permanece sem alterações. Os negócios seguem lentos, com o foco na Argentina. A paridade de importação é referência e o preço no país vizinho está acima do Brasil. O analista de Safras & Mercado, Elcio Bento, salienta que a qualidade é do grão argentino é superior.

   Em meio a esta lentidão interna, os agentes monitoram os movimentos internacionais. A Rússia segue como principal direcionador das cotações globais, “talvez até mais importante que os Estados Unidos”, conforme Bento.

   Ele explica que desde agosto de 2022, a Rússia tem derrubado as cotações em todo o mundo com recordes de produção. As exportações russas superam em duas vezes as do Canadá, segundo maior fornecedor global.

   “É muito trigo disponível, e um país que precisa vender pra financiar a guerra”, no último quadrimestre do ano comercial, a Rússia precisa escoar 16 milhões de toneladas, um número parecido com o do ano passado. Isso pressiona as cotações para baixo.

   O analista observa que a tendência de queda observada nos últimos meses dá sinais de lateralização, após o trigo russo atingir US$ 200 por tonelada. “Isso pode ser a sinalização de que a Rússia encontrou um ponto de suporte”, disse.

   Para o mercado brasileiro, o que chama a atenção, de acordo com o especialista, é que o preço do trigo russo no Nordeste brasileiro já compete com o argentino. “Eu achava que não teríamos trigo russo competitivo no mercado brasileiro, mas o mercado me desmentiu”, ponderou.

Argentina

   Num cenário mais próximo, a Argentina, nosso principal fornecedor, segue como a principal opção aos moinhos brasileiro. Neste ano, o país tem mais trigo que no passado, precisando ser mais agressiva nas exportações para escoar sua oferta. Isso, por outro lado, tem feito com que outros países comprem muito da Argentina. “Temos que acompanhar com atenção. Se o mercado internacional demandar muito da Argentina, os moinhos brasileiros teriam que buscar alternativas”, alertou.

Gabriel Nascimento (gabriel.antunes@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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