Incertezas internas e globais valorizam dólar

São Paulo, 18 de março de 2024 – O dólar sobe, com direção definida. A moeda reflete tanto os temores globais quanto os internos.

  Para o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, “estamos em uma tempestade perfeita. Existe um processo de reprecificação global de juros, com a desmontagem da posição mais dovish (suave, menos propenso ao aumento dos juros) do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano)”.

  Borsoi acredita que caso o Banco do Japão (BoJ) comece a retirar os estímulos da política monetária, a divisa estadunidense tende a ganhar força, já que a liquidez no mercado seria reduzida.

  No campo doméstico, Borsoi entende que a perda de popularidade do presidente Lula fez com que o chefe do executivo aumentasse os gastos, sem uma contrapartida clara: “Isso cria uma desconfiança sobre a meta fiscal deste ano”, diz.

  O Banco Central (BC), observa Borsoi, talvez esteja “atrasado” no ciclo, o que talvez faça com que a velocidade dos cortes e Selic (taxa básica de juros) terminal talvez sejam revistos, o que também respinga no dólar.

  De acordo com o sócio da Ethimos Investimentos Lucas Brigato, “o mercado americano segue resiliente, com alguns analistas já prevendo a queda dos juros apenas em 2025. Eu acho cedo, mas de fato está difícil para cair a inflação por lá”.

  Por volta das 15h47 (horário de Brasília), o dólar comercial operava em alta de 0,62%, cotado a R$ 5,0285 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em abril de 2024 avançava 0,56%, cotado a R$ 5.031,50.