Dólar fecha em forte alta com frustração após leilão do pré-sal

   Porto Alegre, 06 de novembro de 2019 – O dólar comercial fechou em forte alta de 2,20% no mercado à vista, cotado a R$ 4,0810 para venda – na maior alta percentual desde 27 de março quando a moeda encerrou em alta de 2,28% (R$ 3,9550) – influenciado pela frustração do mercado doméstico com o leilão da cessão onerosa que arrecadou menos do que o previsto pelo governo federal, além de não ter atraído investimentos estrangeiros como investidores apostavam.

  “A baixa participação dos estrangeiros levou o dólar a registrar máximas sucessivas, chegando de forma rápida à casa dos R$ 4,08 em um movimento de recomposição de posições defensivas, pela constatação do não ingresso dos efetivos recursos que eram amplamente aguardados pelo mercado”, comenta o diretor superintendente de câmbio da Correparti, Jefferson Rugik. 

  Ao todo, o remate dos blocos em Búzios e em Itapu, ambos na Bacia dos Santos, somou R$ 69,9 bilhões, enquanto o governo federal aguardava um montante de R$ 106,5 bilhões. Enquanto o mercado aguardava uma forte entrada de investimento estrangeiro, a Petrobras arrematou o bloco de Búzios com 90% de participação, enquanto o bloco de Itapu foi 100% arrematado pela petrolífera.

 Outros dois blocos não tiveram ofertas aceitas.

  Nos últimos dias, analistas de mercado destacaram a entrada de um fluxo significativo de recursos estrangeiros à espera do leilão. O economista-chefe da Sul América Investimentos, Newton Rosa, discorda, porém, que o fluxo tenha entrado focando no leilão realizado hoje. “Talvez o mercado tenha precificado a entrada desses recursos pensando no leilão. Mas não vejo que entrou pensando nisso. Agora, a gente vai acompanhar uma certa fuga”, ressalta.

   Para o economista, nos próximos dias, a tendência é de que a cotação fique pressionada frente ao real mais próximo do patamar de R$ 4,10 do que, novamente, abaixo de R$ 4,00. Amanhã, ele ressalta que a moeda pode buscar uma trajetória de queda. “Subiu demais hoje, daí, tem sim espaço para correção”, diz.

 Na agenda de indicadores, os destaques ficam para os dados de inflação da economia brasileira em outubro, enquanto o Banco da Inglaterra (BoE) publicará a decisão de política monetária. Para Rosa, o mercado deverá avaliar o recado da instituição quanto aos efeitos do acordo de saída do Reino Unido da União Europeia (Brexit) adiado para janeiro.

  Ainda no exterior, tem ainda a guerra comercial entre Estados Unidos e China que segue no radar do mercado, agora, com a possibilidade de os países adiarem a assinatura de parte do acordo comercial, chamado de “fase 1”, deste mês para dezembro. Por um lado, os países procuram um local para assinatura do documento após a reunião entre eles, marcado para este mês em Santiago ser cancelada. Do outro, a China estaria fazendo novas exigências para encerrar a discussão em torno dos conflitos tarifários.

     As informações partem da Agência CMA.

Revisão: Fábio Rübenich (fabio@safras.com.br) / Agência SAFRAS