Queda do dólar ameniza força do trigo brasileiro ante o importado

    Porto Alegre, 18 de maio de 2020 – A forte queda do dólar nesta segunda-feira ameniza a competitividade do trigo nacional frente ao importado. Segundo o analista de SAFRAS & Mercadi, Jonathan Pinheiro, apesar disso, a taxa segue significativamente elevada, operando acima dos R$ 5,70 com espaços para recuperações de preços no curto prazo, no âmbito doméstico.

   “Com o passar das semanas o mercado avalia também o crescimento gradual da necessidade de novas aquisições pelo lado da indústria, porém, com oferta restrita tanto no Brasil como no Mercosul, potencializando o viés de alta. Até o momento não houve maiores reportes climáticos relatando problemas nas lavouras, não reforçando a tendência de alta no médio a longo prazo, tendo em vista que dentro de um cenário de boa produtividade as cotações tendem a recuar após a colheita”, disse.

   O abastecimento interno segue sendo variável-chave, em paralelo ao câmbio, para a indicação do viés de preços para o trigo nacional. “Por outro lado, apesar da oferta restrita, também é importante ressaltar uma menor demanda no decorrer dos últimos meses, minimizando mesmo que parcialmente a tendência altista”, analisou.

     Chicago

   A Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT) para o trigo encerrou com preços em baixa. O mercado caiu às mínimas em mais de dois meses pressionado pela ampla oferta global, associada à menor demanda pelo trigo causada pela pandemia de coronavírus. O contrato julho caiu pela sexta vez nas últimas sete sessões, acumulando retração de 5% nesse período, segundo a Agência Reuters.

    As inspeções de exportação norte-americana de trigo chegaram a 440.822 toneladas na semana encerrada no dia 14 de maio, conforme relatório semanal divulgado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Analistas esperavam o número em 450 mil toneladas.

   Na semana anterior, as inspeções de exportação de trigo haviam atingido 343.221 toneladas. Em igual período do ano passado, o total inspecionado fora de 838.956 toneladas. No acumulado do ano-safra, iniciado em 1o de junho, as inspeções somam 23.880.410 toneladas, contra 23.669.088 toneladas no acumulado do ano-safra anterior.

    No fechamento de hoje, os contratos com entrega em julho de 2020 eram cotados a US$ 4,97 por bushel, baixa de 3,25 centavos de dólar, ou 0,64%, em relação ao fechamento anterior. Os contratos com entrega em setembro de 2020 eram negociados a US$ 5,00, recuo de 3,00 centavos de dólar, ou 0,59%, em relação ao fechamento anterior.

     Câmbio

    O dólar comercial encerrou a sessão de hoje com baixa de 1,98%, sendo negociado a R$ 5,7250 para venda e a R$ 5,7230 para compra. Durante o dia, a moeda norte-americana oscilou entre a mínima de R$ 5,7000 e a máxima de R$ 5,8040.

     Agenda de terça-feira

– Reino Unido: A taxa de desemprego do trimestre até março será publicada às3h pelo departamento de estatísticas.

– Segundo levantamento para a safra brasileira de café em 2020 – Conab, 9hs.

– Dados de desenvolvimento das lavouras do Paraná – Deral, na parte da manhã.

     Gabriel Nascimento (gabriel.antunes@safras.com.br) / Agência SAFRAS