MERCADO TRIGO: Chuvas na colheita podem comprometer qualidade e rendimento no Brasil

Porto Alegre, 19 de setembro de 2022 – Os agentes do mercado doméstico de trigo seguem monitorando o desenvolvimento das lavouras nas principais regiões de produção nacional. No Rio Grande do Sul, as chuvas previstas para essa semana são benéficas ao desenvolvimento das lavouras. O mesmo ocorre na região dos Campos Gerais do Paraná, importante região produtora, onde o plantio ocorre mais tarde.

   Ainda nessa semana uma massa de ar polar tende reduzir as temperaturas, mas não deve ser suficiente para a formação de geadas nas regiões de produção. Segundo o analista de SAFRAS & Mercado, Élcio Bento, a principal preocupação passa a ser um eventual excesso de chuva em trigos prontos para a colheita, que poderia trazer perdas, especialmente na qualidade dos grãos.

   “Até o momento, contudo, as lavouras apresentam condições muito boas e que nos permitem manter o atual potencial de produção acima de 10,5 milhões de toneladas. Em termos de negócios a semana iniciou lenta, com os moinhos na defensiva, aguardando que a pressão sazonal achate ainda mais as cotações e os produtores reticentes em aceitar as atuais pedidas. A perspectiva do lado vendedor é que, diante da alta volatilidade que se verifica nos preços internacionais e câmbio, possam encontrar momentos mais interessantes para negociar”, disse.

   No Paraná as indicações estão por volta de R$ 1.700/tonelada nas regiões de produção. No Rio Grande do Sul, o feriado da Revolução Farroupilha nesta terça-feira, fez com que o mercado ficasse travado. As indicações da safra velha ficam por volta de R$ 1.650/tonelada no FOB interior, o que corresponde a uma queda semanal de 0,6%. Para a safra entre R$1.500 e R$ 1.550 a tonelada. A paridade de exportação para o trigo gaúcho em relação ao da safra nova argentina está próxima a R$ 1.540/tonelada.

Chicago

   A Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT) para o trigo encerrou com preços acentuadamente mais baixos. O mercado ignorou os sinais de boa demanda pelo grão dos Estados Unidos e foi pressionado pelo indicativo maior oferta no Mar Negro. Além disso o dólar opera em alta frente a outras moedas correntes, o que tira a competitividade das commodities estadunidenses no cenário exportador. O trigo da Rússia tem sido mais barato, o que contribuiu com a desvalorização.

   As inspeções de exportação norte-americana de trigo chegaram a 790.145 toneladas na semana encerrada no dia 15 de setembro, conforme relatório semanal divulgado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). O mercado esperava o número em 625 mil toneladas. Na semana anterior, as inspeções de exportação de trigo haviam atingido 757.804 toneladas. Em igual período do ano passado, o total inspecionado fora de 567.522 toneladas.

   No fechamento de hoje, os contratos com entrega em dezembro de 2022 eram cotados a US$ 8,30 1/2 por bushel, recuo de 29,25 centavos de dólar, ou 3,4%, em relação ao fechamento anterior. Os contratos com entrega em março de 2023 eram negociados a US$ 8,46 1/2 por bushel, alta de 28,25 centavos, ou 3,22%, em relação ao fechamento anterior.

Câmbio

   O dólar comercial encerrou a sessão em queda de 1,82%, sendo negociado a R$ 5,1640 para venda e a R$ 5,1620 para compra. Durante o dia, a moeda norte-americana oscilou entre a mínima de R$ 5,1430 e a máxima de R$ 5,3030.

Gabriel Nascimento (gabriel.antunes@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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