SOJA: Tensão EUA-China e resultados do Crop Tour pautam mercado – SAFRAS

   Porto Alegre, 23 de agosto de 2019 – Acompanhe abaixo os fatos que deverão merecer a atenção do mercado de soja na próxima semana. As dicas são do analista de SAFRAS & Mercado, Luiz Fernando Roque:

– Chicago volta a centralizar as atenções na guerra comercial entre Estados Unidos e China. Os players também digerem os resultados do Crop Tour, da Pro Farmer, além de permanecer de olho nas previsões climáticas para o cinturão produtor dos EUA e na demanda pela soja norte-americana

– O mercado foi novamente impactado por novidades na guerra comercial entre americanos e chineses. A China anunciou a elevação da tarifa sobre a soja norte-americana, de 25% para 30%, em meio a uma nova rodada de tarifas do governo chinês em caráter retaliatório à última rodada de tarifas dos EUA (1o de agosto). De uma forma geral, o mercado já esperava por uma retaliação do lado chinês, mas voltou a sentir o peso negativo do aumento das tensões. O esperado acordo comercial parece cada dia mais distante

– Com a nova tarifa, dificilmente veremos novas compras de soja norte-americana pelos chineses nos próximos meses. Tal fato mantém a pressão negativa sobre os contratos futuros em Chicago devido aos altos estoques de soja dos EUA. Mesmo com as perdas na safra norte-americana, os estoques da atual temporada e da nova, que se inicia em setembro, superam as 20 milhões de toneladas. Com estoques nesses níveis, não há espaço para grandes recuperações em Chicago

– O Crop Tour, da Pro Farmer, terminou estimando uma produção norte-americana de 95,17 milhões de toneladas. Os números eram bastante esperados pelo mercado, que tem dúvidas com relação às últimas estimativas do USDA.

Segundo a Pro Farmer, os estragos nas lavouras dos EUA causados pelo clima adverso são superiores aos estimados pelo Departamento, levando a uma produção menor. A tendência é que o USDA traga um novo corte na safra dos EUA em seu próximo relatório. Apesar disso, lembramos que ainda há espaço para uma melhora em parte das lavouras norte-americanas, principalmente nas semeadas mais tardiamente. O clima continua sendo fator importante pelos próximos 30 dias para a definição das produtividades, e as previsões climáticas apontam para um clima mais positivo

– As perdas na safra norte-americana não são suficientes para uma recuperação contundente dos contratos futuros em Chicago devido ao pano de fundo da guerra comercial. É fundamental que a China volte a comprar soja dos EUA para que haja um alívio na pressão negativa.

     Gabriel Nascimento (gabriel.antunes@safras.com.br) / Agência SAFRAS