SEMANA: Em meio à tensão EUA-China, negócios com soja aquecem no Brasil

Porto Alegre, 17 de maio de 2019 – O recrudescimento da tensão comercial entre Estados Unidos e China neste mês de maio resultou em uma melhora consistente na comercialização de soja no mercado brasileiro. Nas últimas duas semanas, consultas feitas por SAFRAS & Mercado indicam que mais de 2 milhões de toneladas trocaram de mãos.

    Em um primeiro momento, as preocupações com o arrefecimento da demanda chinesa pelo produto americano colocaram os contratos futuros em Chicago no menor nível em mais de uma década. Mas os prêmios de exportação começaram uma escalada nos portos brasileiros e, juntamente com a alta do dólar, contribuíram para a melhora no ritmo dos negócios.

   Após bater em níveis abaixo de US$ 8,00 na posição julho, fatores técnicos e o atraso no plantio dos Estados Unidos deflagraram uma recuperação. A posição acumulou valorização de 3,77% até quinta, passando para US$ 8,39  por bushel.

    Com o dólar subindo 2,36% no período e superando a casa de R$ 4,00 e os prêmios de exportação para junho/julho rompendo os 100 pontos acima de Chicago, o volume negociado no Brasil se intensificou e os preços melhoraram nas principais praças do país.

   A saca de 60 quilos subiu de R$ 70,00 para R$ 75,00 em Passo Fundo (RS). Em Cascavel (PR), o preço avançou de R$ 69,50 para R$ 73,00. No Porto de Paranaguá, o preço aumentou de R$ 75,00 para R$ 79,50.

   Em Rondonópolis (MT), a saca passou de R$ 64,50 para R$ 70,00. Em Dourados (MS), o preço avançou de R$ 64,00 para R$ 68,50. Em Rio Verde (GO), o preço subiu de R$ 66,00 para R$ 69,00.

     Oferta e demanda

    As exportações de soja do Brasil deverão totalizar 72,5 milhões de toneladas em 2019, recuando 14% sobre o volume de 2018, de 83,864 milhões de toneladas. A previsão faz parte do quadro de oferta e demanda brasileiro, divulgado por SAFRAS & Mercado. Em março, a estimativa era de 70 milhões de toneladas.

    SAFRAS indica esmagamento de 42,5 milhões de toneladas em 2019 e de 42,2 milhões de toneladas em 2018, representando um aumento de 1% entre uma temporada e outra.

   Em relação à temporada 2019, a oferta total de soja deverá cair 9%, passando para 118,312 milhões de toneladas. A demanda total está projetada por SAFRAS em 118,15 milhões de toneladas, com queda de 9%. Desta forma, os estoques finais deverão cair 13%, passando de 187 mil para 162 mil toneladas.

   SAFRAS trabalha com uma produção de farelo de soja de 32,375 milhões de toneladas, subindo 1%. As exportações deverão cair 17% para 14 milhões de toneladas, enquanto o consumo interno está projetado em 17 milhões, aumento de 2%. Os estoques deverão subir 140%, para 2,362 milhões de toneladas.

    A produção de óleo de soja deverá ficar em 8,46 milhões de toneladas. O Brasil deverá exportar 700 mil toneladas, com queda de 48% sobre o ano anterior. O consumo interno deve subir de 7,6 milhões para 7,8 milhões de toneladas. A previsão é de aumento de 22% nos estoques para 168 mil toneladas.

     Dylan Della Pasqua (dylan@safras.com.br) / Agência SAFRAS