GRÃOS: Chuvas favorecem trigo na Argentina, mas chegam tarde para soja/milho

   Porto Alegre, 29 de março de 2021 – As fortes chuvas do final de março na Argentina prepararam o terreno para uma suave semeadura de trigo e cevada, mas as tempestades chegaram tarde demais para ajudar na produtividade do milho e da soja em áreas que foram atingidas por meses de clima seco, disseram agricultores e analistas.

 A potência sul-americana é a terceira maior exportadora de milho do mundo e principal fornecedora de ração para gado à base de soja, usada para engordar suínos e aves da Europa ao Sudeste Asiático, conforme reportagem da Reuters.

 “Há regiões onde a soja de plantio tardio está em péssimo estado e onde a colheita do milho começou com péssimas produtividades. A chuva chegou tarde demais para essas culturas”, disse Francisco Santillan, um produtor da província de Buenos Aires.

    Soja e milho são as principais culturas comerciais da Argentina.

  “As chuvas vão ajudar no plantio de trigo e cevada. O grande problema deste ano é o plantio tardio da soja, que sofreu com o clima seco e as altas temperaturas em janeiro e fevereiro”, disse o analista agrícola Pablo Adreani em Buenos Aires.

 A cevada e o trigo argentinos são semeados entre maio e julho. O principal importador do trigo argentino é o vizinho Brasil. A China, privada da cevada de seu fornecedor habitual, a Austrália, devido a uma luta comercial bilateral, aumentou as compras de cevada argentina, necessárias para ajudar a economia da Ásia a reconstruir seu rebanho de porcos devastado por doenças.

 “As chuvas foram muito favoráveis em grande parte do país nos últimos dez dias. Grande parte da área agrícola recebeu pelo menos cem milímetros de água”, disse German Heinzenknecht, meteorologista da consultoria Climatologia Aplicada.

  Mas os danos de um longo período de seca que começou em meados de 2020 já estão consolidados, disse ele.

  A Bolsa de Rosário cortou este mês sua previsão de safra de soja para 2020/21 de 49 milhões de toneladas para 45 milhões de toneladas, citando altas temperaturas persistentes e chuvas escassas. E a Bolsa de Grãos de Buenos Aires cortou sua previsão de safra de soja para 44 milhões de toneladas, de 46 milhões de toneladas projetadas anteriormente.

   “A recarga da umidade do solo é positiva para o próximo plantio de trigo e cevada. Mas, em geral, essas chuvas chegaram tarde demais para restaurar a soja e o milho”, disse Heinzenknecht.

    Fábio Rübenich (fabio@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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