Dólar fecha em alta em cautela com cenário fiscal e fluxo local

   Porto Alegre, 23 de novembro de 2020 – O dólar comercial fechou em alta de 0,89% no mercado à vista, cotado a R$ 5,4360 para venda, em sessão de forte volatilidade e amplitude, influenciado pelo exterior onde a moeda estrangeira ganha terreno frente aos pares e divisas de países emergentes, enquanto aqui, um fluxo de saída de recursos e temores com o cenário fiscal elevaram o sentimento de cautela.

 O gerente de mesa de câmbio da Correparti, Guilherme Esquelbek, destaca que as falas do ministro da Economia, Paulo Guedes, seguem “não ajudando”, já que “novamente, não apresentou solução para as contas públicas e o problema fiscal” do país. “Além disso, saídas de recursos corporativos, que são típicas nesta época do ano, alimentaram a alta do dólar”, diz.

  O especialista da Portofino Investimentos, Thomás Gibertoni, acrescenta que rumores de que o auxílio emergencial será prorrogado também influenciou no cenário de cautela no mercado doméstico. Há pouco, Guedes afirmou que o benefício valerá até 31 de dezembro e o pagamento não se estenderá.

 “Do ponto de vista do governo, não existe a prorrogação do auxílio emergencial. Evidente que há pressão política, muita gente falando em segunda onda. Nós estamos preparados para reagir se houver uma segunda onda, já sabemos como reagir”, disse o ministro da Economia.

  Esquelbek ressalta que ajudou ainda na alta da moeda o resultado da leitura preliminar dos índices dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) da atividade industrial e do setor de serviços dos Estados Unidos acima do esperado. A prévia de novembro do PMI da atividade industrial subiu a 56,7 pontos, ante expectativa de um resultado abaixo dos 53 pontos. Já o PMI do setor de serviços subiu a 57,7 pontos, enquanto analistas previam 55,0 pontos.

   Amanhã, com a agenda de indicadores mais esvaziada, com destaque para a prévia da inflação nacional, Gilbertoni aposta em mais uma sessão de dólar pressionado em meio às indefinições quanto ao cenário fiscal doméstico.