CÂMBIO: Dólar avança 1,8% em correção, receio com pacote/EUA e covid-19

   Porto Alegre, 15 de janeiro de 2021 – O dólar comercial fechou em forte alta de 1,80% no mercado à vista, cotado a R$ 5,3010 para venda, acompanhando o fortalecimento global da divisa norte-americana em meio ao receio dos investidores com a desidratação no Congresso dos Estados Unidos do pacote de estímulos trilionário norte-americano, apresentado ontem. A escalada da segunda onda da covid-19 no mundo e possíveis entraves logísticos relacionados à vacina ajudaram a elevar a aversão ao risco na sessão. Na semana, porém, a moeda recuou 2,12%.

O gerente da mesa de câmbio da Correparti, Guilherme Esquelbek, destaca que a alta da moeda, em toda a sessão, acompanhou o desempenho no exterior, em meio às dúvidas se o pacote de estímulo de US$ 1,9 trilhão apresentado pelo presidente eleito nos Estados Unidos, Joe Biden, será aprovado no Congresso norte-americano na íntegra.

Enquanto aqui, além das preocupações com o avanço do novo coronavírus diante da situação caótica em Manaus, com a falta de oxigênio em hospitais, além da indefinição em torno do calendário de imunização contra a covid-19 no país, Esquelbek ressalta que a cautela dos investidores seguiu também com os problemas fiscais do país, já que há possibilidade de a Câmara dos Deputados suspender o recesso parlamentar para votar medidas emergenciais ligadas à pandemia, pedido feito hoje pelo presidente da casa, Rodrigo Maia. “Hoje foi um dia marcado pela fuga dos ativos de risco nos mercados”, acrescenta.

  Na semana que vem, a agenda de indicadores e eventos traz como destaque a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC). O Copom deverá manter a Selic em 2,0% na reunião da próxima semana, em aposta unânime do mercado, conforme mostra o levantamento feito pela Agência CMA. Segundo analistas, o foco está no comunicado do Banco Central, se irão manter a orientação futura da manutenção da taxa, o foward guidance.

  Para os economistas da Tendências Consultoria, a despeito das recorrentes surpresas inflacionárias observadas, ainda há razões para uma postura de espera por parte da autoridade monetária.

“De um lado, as expectativas de inflação para 2021 seguem abaixo da meta. De outro, há incertezas em torno da consistência da retomada da demanda, em um contexto de retirada dos estímulos extraordinários de 2020 e de uma taxa de desocupação ainda elevada. Esperamos aumento da Selic a partir de setembro”, avaliam.

Outro destaque da agenda é a posse do novo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, na quarta-feira. Em relação aos indicadores, na segunda-feira, o mercado deverá reagir aos números de vendas no varejo, em dezembro, na China, e do Produto Interno Bruto (PIB) do país asiático no quarto trimestre de 2020. No meio da semana, tem ainda a decisão de política monetária do Banco Central Europeu (BCE).

  Para o economista da Nova Futura Investimentos, Matheus Jaconeli, a posse de Biden e dados de atividade estão no preço dos ativos. “Será mais uma semana de atenção ao noticiário em torno das vacinas e da covid-19 no mundo. Qualquer novidade, pode fazer preço”, diz.

      As informações partem da Agência CMA.

Revisão: Fábio Rübenich (fabio@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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